sexta-feira, 22 de março de 2013

A grande renúncia - I



Estão todos a perguntar: que razões há que levaram Bento XVI a renunciar?

Este é o quarto papa que renuncia. Seiscentos anos se passaram desde a renúncia anterior. É um fato raro. O motivo tem que ser forte, e não seria a saúde e a idade do papa a única razão. Há causas que talvez nunca se saiba, mas elas existem. Algumas delas já estão vindo à tona, outras ainda são meras especulações, mas são possibilidades. Do Vaticano, com uma história de quase dois mil anos, muitos segredos e também muitos embates pelo poder, pode-se esperar fatos e articulações espantosas. Então não se pode condenar quem tente, especulando, entender as decisões que ocorrem nesse lugar misterioso. Afinal, do que se faz lá há forte influência sobre os habitantes do planeta. Logo, o assunto interessa, a todos.

Trataremos em uma série de pequenos comentários algo sobre os porquês da renúncia de Bento XVI. Também aqui não seremos completos no assunto. Mas à luz do contexto profético, podemos olhar mais longe que os jornalistas e outros críticos.

Em primeiro lugar, temos que avaliar o contexto político e econômico global. Entram em cena alguns países com seus interesses de poder e influência sobre o planeta.

Os Estados Unidos, desde seu descobrimento, se entendem tendo uma missão divinamente determinada sobre os países do mundo. Eles hoje se julgam como uma espécie de povo de DEUS para estes últimos tempos. São os responsáveis pela Nova Ordem Mundial, uma ordem favorável ao sistema de negócios americano. Cabe-lhes ser a nação reorganizadora do planeta. Seus líderes, e também o povo em geral, acreditam que DEUS os tenha escolhido para tornar este planeta um lugar de paz e segurança, de negócios segundo os princípios protestantes de liberdade e livre iniciativa. Para tanto, precisam ser a maior nação do mundo, a nação abençoada, e nenhuma outra poderá ameaçar sua liderança. Quem o fizer será combatido em nome de sua missão. Assim foi que a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas foi combatida nos tempos da Guerra Fria, até ser desmantelada com a ajuda da Igreja Católica. Assim combateram no Vietnã, onde perderam a guerra. Assim combateram contra Saddam Hussein. Assim combatem ainda no Iraque, no Afeganistão. E ameaçam a Correia do Norte, o Irã, a Síria e outros países que discordam de sua política. Pois os americanos precisam ser a maior nação, para cumprir sua missão, que imaginam ter. Precisam de alianças estratégicas poderosas. Uma dessas alianças é a Igreja Católica, outra sedenta por retornar ao poder político.

Mas, os Estados Unidos enfrentam o crescimento de um gigante. É a China, que vem engolindo o poderio de nação após nação, tornando-se ano passado na segunda maior potência econômica. Isso assusta os americanos. E a China vem crescendo a uma velocidade que o mundo desenvolvido há tempos desconhece. Aliás, que nunca havia experimentado. E há outras nações assumindo a liderança no mundo. Entre outras estão a Índia, e o Brasil.

Por outro lado, a Igreja Católica, que deseja retornar ao poder, enfrenta o assustador crescimento do Islã, que já tem 100 milhões mais membros que os católicos, e o crescimento assustador dos evangélicos. Para piorar, as catedrais católicas, principalmente no Velho Mundo estão esvaziando. Padres é cada vez mais difícil encontrar quem deseja ser. Membros também. Muitos saem, poucos entram. Na Alemanha, país do papa, no máximo 20% dos fiéis assistem as missas.

Esses dois poderes gigantescos querem unir-se, para uma aliança de poder global. Há tremendos desafios que devem ser liderados pelo presidente americano e pelo papa. Os desafios são exatamente como esta palavra quer dizer: vem de países desejosos de assumir a liderança global, países em forte crescimento, países não simpáticos aos Estados Unidos, e de igrejas que estão crescendo fortemente, e que não são tão simpáticos à Igreja Católica. A China tem restrições aos Estados Unidos e a Igreja Católica. É por aí que inicia a questão do sofrimento do papa. Até aqui, em nossas análises, a pergunta é: o papa atual teria condições de participar de uma coalizão com os Estados Unidos para enfrentar esses desafios? E há outros, muitos outros.


Estudioso de profecias fala sobre renúncia do Papa




Brasília, DF ... [ASN] A renúncia do Papa Bento XVI como chefe de Estado do Vaticano e líder da Igreja Católica ainda ecoa em todo o planeta. Para estudiosos de profecias bíblicas, o Vaticano tem um papel importante nesse contexto. Por essa razão, a Agência Adventista Sul-Americana de Notícias (ASN) entrevistou a respeito do assunto o pastor Luís Gonçalves, diretor de Evangelismo da Igreja Adventista do Sétimo Dia para oito países sul-americanos e apresentador do programa da TV Novo Tempo, Arena do Futuro, que trata essencialmente de aspectos relacionados às profecias.

ASN - Como a Igreja Adventista do Sétimo Dia vê a renúncia do Papa Bento XVI?
 

Luís Gonçalves
 - A renúncia foi uma grande surpresa para todos, inclusive para a própria Igreja Católica. Para os adventistas, a decisão tomada pelo Bento XVI não tem um significado em si mesmo. Porém, a Igreja Adventista acompanha com muita atenção os acontecimentos de maneira geral, especialmente por sabermos que a profecia bíblica aponta para Roma e de forma acentuada para o Vaticano. 

ASN - No entendimento bíblico e profético, há algum papel especial que o Vaticano desempenhará segundo entendimento adventista?
 

Luís Gonçalves
 - Com certeza sim. A Bíblia apresenta algumas coisas que chamam a nossa atenção. O profeta Daniel diz que o inimigo usaria um poder para “mudar os tempos e a lei. Também está escrito em Daniel 7:25 que esse mesmo poder iria perseguir o povo de Deus por um tempo, dois tempos e metade de um tempo, ou 1260 dias proféticos (Apocalipse 12:6), que é a mesma coisa que os 42 meses mencionados em Apocalipse 13:5. Este foi o tempo da Idade Média quando o poder papal dominou e perseguiu os cristãos. 

Em Daniel 8:12, é dito que esse poder lançaria a verdade por terra e teria apoio em sua distorção bíblica e teológica.
 

Finalmente a Palavra de Deus fala sobre o homem do pecado (I João 3:4 e Romanos 7:7) que se sentaria no santuário de Deus, colocando-se como se fosse o próprio Deus (II Tessalonicenses 2:3-4).
 

Esses e outros textos da Bíblia faz uma forte referência a esse poder em questão, pois eles mudaram os mandamentos de Deus, perseguiram os cristãos e estabeleceram doutrinas que não têm apoio bíblico. Tudo isso mostra o cumprimento das referidas profecias, das quais destacaríamos Apocalipse 13 e 17.
 

ASN - Como os adventistas veem a diminuição de fiéis da Igreja Católica em todo o mundo?
 

Luís Gonçalves
 - Cremos que o povo católico é composto de pessoas sinceras, gente que deseja ansiosamente a salvação. Depois que a Igreja de Roma permitiu que os membros tivessem acesso à Bíblia e depois que a missa deixou de ser feita em latim houve uma abertura para que o Espírito Santo pudesse trabalhar e abrir os olhos dessas queridas pessoas, que passaram a tomar decisões pela verdade. Os escândalos cada vez mais acentuados contribuíram para esse êxodo em direção aos movimentos evangélicos. 

ASN - Qual a avaliação da Igreja Adventista sobre o Vaticano como um estado religioso que tem influenciado há milhares de anos nas questões políticas internacionais?
 

Luís Gonçalves
 - Se analisarmos a história da origem do Vaticano, veremos que seu surgimento contempla essa união de política e religião através do uso da força. Entendemos que o Vaticano é uma mescla do que chamamos “politico-religioso”. É o menor país do mundo e um dos mais poderosos. 

Quando se trata de Roma imperial, percebemos que todas as perseguições do passados prepararam o caminho para essa influencia política que existe hoje. O domínio papal na Idade Média também contribuiu para esse domínio político-religioso. Entendemos que esse é um poder sobre do qual várias profecias bíblicas já falaram.

[Equipe ASN, Felipe Lemos]

Fonte - Portal Adventista

Papa Francisco, novo líder da igreja romana






Contrariando todas as expectativas e prognósticos avançados por especialistas no Vaticano, a escolha da Igreja Católica Romana para 266º Papa recaiu no Cardeal Jorge Mario Bergoglio.

Não sendo ele dos nomes mais fortemente apontados ao lugar nas últimas semanas, naturalmente que as primeiras reações têm mais o objetivo de dar a conhecer ao mundo quem é, de facto, este homem que chega ao mais alto cargo da hierarquia romana.

As primeiras análises, ainda de forma geral, indicam que Bergoglio agrada aos mais conservadores por ser visto como opositor das correntes mais liberais entre os jesuítas, e é avaliado satisfatoriamente pelos mais moderados por representar bem o compromisso da Igreja com um mundo em constante mudança.

Na sua apresentação como novo Papa, Francisco não seguiu a tradição de saudar a multidão em primeiro lugar, preferindo que as suas primeiras palavras fossem um pedido de oração por ele mesmo.

Foram poucas, contudo, as suas palavras. Por isso, foi mais fácil estar um pouco atento aos detalhes. Um dos que reparei foi o uso da expressão "nova evangelização" (já usada por antecessores seus). Os especialistas dirão que isso será uma resposta aos desafios atuais da Igreja, face aos problemas que tem atravessado e às dificuldades em passar a mensagem ao mundo moderno. Explicarei mais à frente porque acho que não é a isso que se refere e porque este conceito pode ser muito relevante.

Mas, logo à partida, parece merecedor de destaque que o novo Papa é pioneiro em alguns aspetos interessantes: ele é o primeiro a usar o nome de Francisco; o primeiro com origem latino-americana; o primeiro não-europeu da era moderna; e, o primeiro de formação jesuíta a ocupar a cadeira dita de S. Pedro.

Vamos a uma breve análise desses primeiros dados disponíveis.

O nome: Francisco, nunca antes usado por outro Papa. Logo depois desse anúncio, o analista da CNN John Allen classificou a escolha do nome como “surpreendente”.

Contudo, a análise mais interessante que Allen faz é ao que simboliza o nome Francisco: “pobreza, humildade, simplicidade e reconstrução da Igreja Católica”. Concordantemente com esta última expressão, o ex-Papa Bento XVI recuperou há tempos o relato de um episódio passado com S. Francisco de Assis, onde este estava perante um crucifixo a orar quando ouviu uma voz vinda desse objeto que dizia: “Francisco, vai e repara a minha Igreja que está em ruínas”…

Não evito relembrar que isto vai totalmente de encontro à profecia bíblica de Apocalipse 13:3, que aponta para um golpe desferido sobre o papado, mas cuja ferida seria curada – dito de outra maneira: “reparada”…

Francisco é argentino, sendo que, acho um dado curioso, o seu pai é de origem italiana. A América Latina, onde ele tem sido mais influente, tem hoje quase metade de todos os católicos no mundo, o que não deixa de representar um reconhecimento disso mesmo.
 

Contudo, algo mais salta à vista, até para aqueles que previam (ou desejavam) um Papa americano: Francisco é católico romano (obviamente!), latino-americano e tem o espanhol como língua mãe – justamente o perfil do segmento da população americana em maior crescimento e influência na nação.

Ora, isto pode torná-lo um interlocutor privilegiado com o governo americano. Uma indicação nesse sentido é a declaração já emitida pela Casa Branca, onde o presidente dos EUA, Barack Obama, diz: “Como o primeiro Papa originário das Américas, a sua escolha também demonstra a força e a vitalidade de uma região que está a moldar de modo crescente o nosso mundo. E, juntamente com milhões de hispano-americanos, nós, nos Estados Unidos, partilhamos a alergia deste dia histórico”.

Também deste país, mas representando as nações mundiais, Ban Ki-moon, Secretário-geral da ONU declarou: “Também partilhamos a convicção que somente podemos resolver os interligados problemas deste mundo através de diálogo” – exatamente o que Roma pretende, embora, claro, sob as suas condições, que mais são prerrogativas.

A Europa, e a sua influência, parece um pouco deslocada de tudo isto? Sim, parece. Apesar das várias tentativas, o velho continente acusa o grave declínio das suas instituições e nem sequer já na Igreja Romana consegue manter-se a um nível de destaque – veja-se que dos principais candidatos a Papa, a grande maioria não era europeu…
 

Na minha perspetiva, o raciocínio exposto nos últimos parágrafos parece querer indicar que a Europa perde preponderância, o que pode capitalizar cada vez mais uma liderança mundial bicéfala: EUA e Vaticano.

Finalmente, a cereja no topo do bolo deste primeiro dia de pontificado romano de Francisco: ele é o primeiro jesuíta a tronar-se Papa.

Os mais atentos dirão que a frase anterior precisa ser reformulada: desde sempre, pelo menos desde que foi estabelecida a Companhia de Jesus, que um Papa jesuíta existe nas sombras, com mais poder do que imaginamos. Talvez seja assim – se for, o que sucede é que temos agora dois Papas jesuítas, o que também será a primeira vez.

Não posso deixar de partilhar a descrição que Ellen White, faz em ”O Grande Conflito” (p. 234) do que é esta organização, os Jesuítas, da qual Jorge Mario Bergoglio bebeu muito, talvez a esmagadora maioria, da sua filosofia:

“Nesse tempo fora criada a ordem dos jesuítas - o mais cruel, sem escrúpulos e poderoso de todos os defensores do papado. Separados de laços terrestres e interesses humanos, insensíveis às exigências das afeições naturais, tendo inteiramente silenciadas a razão e a consciência, não conheciam regras nem restrições, além das da própria ordem, e nenhum dever, a não ser o de estender o seu poderio. O evangelho de Cristo havia habilitado seus adeptos a enfrentar o perigo e suportar sem desfalecer o sofrimento, pelo frio, fome, labutas e pobreza, a fim de desfraldar a bandeira da verdade, em face do instrumento de tortura, do calabouço e da fogueira. Para combater estas forças, o jesuitismo inspirou seus seguidores com um fanatismo que os habilitava a suportar semelhantes perigos, e opor ao poder da verdade todas as armas do engano. Não havia para eles crime grande demais para cometer, nenhum engano demasiado vil para praticar, disfarce algum por demais difícil para assumir. Votados à pobreza e humildade perpétuas, era seu estudado objetivo conseguir riqueza e poder para se dedicarem à subversão do protestantismo e restabelecimento da supremacia papal.”

Ou seja, o conceito “franciscano” manifestado em votos de pobreza e humildade e na ordem de “reparar” a Igreja Romana que se encontra em queda, encontra um complemento perfeito no supremo objetivo jesuíta de destruir o protestantismo e restabelecer o poderio papal. Deve ser esta a tal “nova evangelização” de que se fala, que não é propriamente nova, apenas e só o recuperar de vontades, estratégias e práticas antigas.

No fundo, nada mais lógico, restando apenas acrescentar que de acordo com o anunciado na profecia, em breve “todo o mundo se maravilhará” (Apocalipse 13:3) perante o papado. Todo o mundo, exceto aqueles que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro (v. 8), os tais que mesmo perante feroz oposição “guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (12:17).

Deixe-lhe dizer-lhe isto por outras palavras: muito em breve, o único obstáculo a essa reparação da Igreja Romana abalada, será o pequeno grupo de Adventistas do Sétimo Dia que insiste em ser fiel ao Senhor e aos Seus mandamentos, incluindo e principalmente o quarto.
 

Sugestivamente, e à boa maneira jesuíta, o Papa aproveitou a sua primeira aparição para um curto momento de oração contemplativa, bem notada pelo silêncio dos milhares que assistiam na Praça de S. Pedro.

Como disse há algum tempo, o que mais importa não é o homem que ocupa o lugar, mas sim a sua linha de orientação, as suas posições, políticas e decisões. Os próximos dias ou meses encarregar-se-ão de confirmar tudo isso.

“Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo. (…) Porque toda a carne é como a erva, e toda a glória do homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor. Mas a Palavra do Senhor permanece para sempre; e esta é a palavra que entre vós foi evangelizada.” (I Pedro 1:13, 24, 25)